Agência Sebrae de Notícias

Os brechós chegaram ao Brasil no século XIX e vieram para ficar! Especialmente em uma época que se discute a importância da sustentabilidade e de um capitalismo mais consciente, essa forma de consumo aumentou. A moda circular deixou de ser apenas uma alternativa acessível e se tornou uma tendência consolidada: o consumo consciente ‘tá na moda’. Com o setor em expansão, a concorrência tem aumentado, tornando a criatividade e o atendimento estratégico fatores essenciais para o sucesso.

A estilista e consultora sustentável do Reuse Brechó, Edy Lopes, afirma que oferecer consultoria personalizada, ajudando os clientes a compor looks com as peças do brechó, gera mais peças por atendimento (PA) e agrega valor a elas, tornando a compra mais consciente. Além disso, ela destaca a prática da terapia no cabide, onde uma peça pode ser transformada de diferentes formas.

“Se a gente continuar com esse pensamento de que brechó é só deixar uma peça na arara, esperar o cliente pegar e ir embora, perdemos oportunidades. Movimento gera movimento!” acrescenta Edy Lopes

Segundo Edy, o atendimento personalizado e a análise do perfil do cliente são fundamentais tanto para vendas quanto para o pós-venda. O mercado da moda circular cresceu significativamente após a pandemia, tornando a diferenciação fundamental, seja por meio de uma boa curadoria ou de cursos de técnicas como o upcycling, em que peças com avarias podem ser transformadas em seminovas. A consumidora Rosimere Casoli pratica o upcycling e afirma que detalhes como um ambiente perfumado fazem toda a diferença na valorização do brechó.

Sustentabilidade e moda circular

A analista do Sebrae/ES e gestora do projeto Ecos Celia Perin ressalta que a moda circular reduz o desperdício e a geração de resíduos, prolonga a vida útil das roupas e incentiva um consumo mais responsável. Para que os brechós pratiquem a sustentabilidade de fato, Celia reforça a importância de uma seleção criteriosa das peças e da conscientização dos clientes sobre o impacto positivo desse modelo de consumo.

“Brechós precisam ir além de apenas prolongar a vida útil das peças. É necessário promover eventos e ações sustentáveis para praticar a moda circular de fato”, explica Celia Perin

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Entre os empreendedores que promovem ações sustentáveis, destaca-se Claudia Alves, dona do Empório B. Há oito anos no ramo, ela se inspirou em brechós organizados que conheceu durante suas viagens para abrir seu próprio negócio. Além de incentivar a moda circular, o Empório B também promove iniciativas como o projeto “Vira-Lata Vira Luxo”.

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Claudia destaca o impacto ambiental do lixo têxtil, que é comprovado por estudos do Parlamento Europeu. Revender uma calça jeans, por exemplo, já reduz significativamente o desperdício, pois sua produção consome cerca de 1.000 litros de água. Ela ressalta que a moda circular é rentável, mas exige conscientização para que os brechós se tornem a primeira opção dos clientes.

O desafio da valorização das peças

Para Rose Reuse, dona do Reuse Brechó, um dos maiores desafios do setor ainda é a desvalorização das peças. Segundo ela, os preços são calculados com base no real valor do item, mas muitos clientes ainda pedem descontos excessivos. “Muitas peças custavam mais de R$ 200 novas e estão em ótimo estado, mas ainda assim as pessoas querem pagar muito menos”, comenta. Outra dificuldade enfrentada pelos brechós é a limitação de numeração e formatos das peças disponíveis. Apesar disso, Rose afirma que a procura por brechós cresceu, tanto por clientes quanto por novos empreendedores.

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Segundo a empreendedora, as redes sociais fazem muita diferença para o brechó. Curiosamente, a concorrência nesse mercado é marcada mais pela colaboração do que pela disputa. Muitos brechós compram peças uns dos outros para revenda. “Às vezes, uma peça encalhada em um brechó vende rapidamente em outro, porque cada loja tem um perfil de público diferente”, explica Rose.

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