Delicadeza e cuidado no manuseio de papéis feitos a partir de fibras naturais. É assim que a artesã Mikka Wentz vem conquistando o mercado capixaba e nacional com a produção de arranjos, adornos e decorativos bionaturais. A ideia de trabalhar com este tipo de artesanato surgiu a partir de uma provocação para produzir flores de papel em meados de 2014.
“Eu já produzia flores em tecido, mas uma fornecedora me propôs esse desafio. Na primeira gama de flores eu fiz rosas em papel, da mesma forma que eu fazia em tecido, e fiquei apaixonada. Criei uma coleção de flores minúsculas de fibras naturais inspiradas na nossa mata, nas flores do campo, fiz pequenos buquês inspirados nas flores sempre-viva. Levei para uma feira, as pessoas se encantaram mas não vendi praticamente nada. Mesmo assim, eu não desisti, continuei produzindo e vendendo para alguns clientes, e no outro ano, na mesma feira, uma produtora de uma emissora nacional gostou desse trabalho”, relembra Mikka.
Quem é noveleiro, com certeza já viu os produtos da Mikka nas telinhas, e no horário nobre. Ela já chegou a produzir mais de 8.500 mil flores para uma única cena. A artesã utiliza papéis de diferentes fibras, desde as mais frágeis, como fibras de cebolas, até o sisal e fibra de abacaxi, entre outras. Segundo ela, o diferencial do seu negócio, e o que faz com que o seu artesanato conquiste tantos públicos, está na sustentabilidade e no encantamento provocado pelos produtos.
“Eu sempre acreditei que o diferencial era o engajamento com a questão do ecoproduto e essa visão de cuidado com o meio ambiente e preservação da própria natureza humana, mas em uma consultoria do Sebrae/ES entendi que vai além disso. O diferencial é que eu conto uma história através das fibras para emocionar as pessoas. E agora eu estou contando a história do Ticumbi”, explica Mikka.
A coleção Folhas e Flores do Ticumbi faz uma alusão ao folclore capixaba com a apresentação de três produtos: uma luminária de flores, adornos com folhas e cabaças e contas de madeira, e o arranjo de flores.
“Os três produtos são releituras de três períodos críticos que passei no estúdio: o pré-pandêmico, quando fiz as primeiras luminárias; o pandêmico quando criei os adornos para uma grande empresa, e o pós pandemia, quando retornei com a produção de flores, que sempre foram um sucesso”, relata.
E foi com esta coleção que Mikka se posicionou entre os 100 melhores artesãos do Brasil, conquistando o Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato.
“O Top 100 não é uma premiação apenas pelo produto. É o reconhecimento da inovação da unidade produtiva, daquilo que você vem fazendo, da sua visão de mercado e como apresenta essas novidades para o mercado. Esse selo que a gente vai carregar do Sebrae junto à tag do produto tem um peso muito grande. O lojista já vê uma responsabilidade, qualidade e o inusitado nesses produtos. É a garantia de que ele terá bons produtos para atender os clientes”, explica a artesã.
Quem também teve o trabalho reconhecido foi o Mestre Domingos Teixeira Marques. O congo sempre esteve presente na vida do artesão, que começou a produzir casacas ainda na infância.
“A minha atuação como artesão teve início na minha infância, mais precisamente aos oito anos de idade, auxiliando meu saudoso avô Ursino Pereira a confeccionar instrumentos para os grupos de Congo, Jongo e Folia de Reis do município de São Mateus. Entre os instrumentos, confeccionávamos o “reco-reco” de bambu, que após alguns anos foi sendo transformada na atual casaca. Posso dizer que a minha prática na confecção da casaca foi aperfeiçoada por volta dos onze anos, quando já conseguia esculpir o rosto do negro e cabelo do índio cobrindo a orelha”, relembra.
A paixão do avô pelo instrumento e a dedicação pela preservação da cultura dos povos foi o que inspirou o Mestre Domingos, que sempre viu o envolvimento de pessoas de todas as idades, que tinham como único objetivo a diversão. Para ele, produzir as casacas é contar a história de uma cultura através da arte.
“A cultura popular e suas conceituações caminham no sentido de construção do saber do povo, que perpassam as gerações. A casaca é oficialmente um patrimônio imaterial do Estado do Espírito Santo e ajuda a dar ritmo ao Congo capixaba, além de estar presente em outras diversas manifestações populares em solo capixaba, marcadas de lutas, resistências memorialísticas da história do Espírito Santo, e envolve a música, a dança, a religiosidade, a ancestralidade do Capixaba”, explica o artesão.
O título de Mestre não veio à toa. Aos 16 anos, era ele quem produzia os instrumentos da banda de Congo Folclórico de São Benedito, dirigida, na época, pelo Mestre Antônio Rosa. Hoje, ele é conhecido por atuar como Mestre de congo e Mestre artesão, de onde tira o sustento da família e tem orgulho de fomentar a cultura capixaba.
“A classificação do TOP 100, é um incentivo para que eu possa continuar lutando pela preservação da cultura e a afirmação de que estou no caminho certo. É a resposta de que, embora o caminho do trabalho manual seja árduo, vale a pena acreditar e dedicar amor na profissão. Esse prêmio é como receber um troféu de ouro, visto que o meu trabalho passará a ter mais credibilidade, muito embora o Sebrae/ES sempre atuou de forma colaborativa pela preservação e reconhecimento dos artesãos. Esse prêmio contribuirá de forma extremamente positiva, dando uma maior visibilidade cultural ao Estado do Espírito Santo, que além do Congo, possui outras diversas manifestações culturais importantes”, comemora Mestre Domingos.
Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato
A quinta edição da premiação recebeu a inscrição de 1.208 artesãos de todas as regiões do país. Os 100 escolhidos ganham reconhecimento nacional, além do direito de usar o selo Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato – 5ª Edição, que se torna um diferencial no mercado. Dois capixabas foram contemplados nesta lista: Mikka Wentz e Mestre Domingos.
“Para nós, é um orgulho termos capixabas nesta lista com 100 artesãos que serão reconhecidos nacionalmente. Esta é uma premiação que abre portas para que os produtos capixabas acessem outros mercados e sejam ainda mais valorizados e reconhecidos”, destaca o analista do Sebrae/ES Guilherme Pella.
O prêmio inclui ainda a produção e lançamento de um catálogo comercial com informações das premiadas e de um conjunto de vídeos sobre as melhores práticas divulgadas no site do Sebrae. De 17 a 19 de novembro, haverá a cerimônia de premiação no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro, com rodada de negócios e uma exposição de obras dos premiados.
-
INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA
Equipe Pulso
Mirela Adams: (27) 99277-5678 / [email protected]
Camila Soares: (27) 99709-4277 / [email protected]
Maurílio Mendonça: (27) 99932-1181 / [email protected]
-
INFORMAÇÕES PARA EMPREENDEDORES
Central de Relacionamento Sebrae – 0800 570 0800
Os textos veiculados pela Agência Sebrae de Notícias – ES são produzidos pela Assessoria do Sebrae/ES e podem ser reproduzidos gratuitamente, apenas para fins jornalísticos, mediante a citação da Agência.
-