Arrumar as crianças, atender clientes e demandas da empresa, cuidar da casa. Esse é apenas um recorte da rotina de mulheres que decidiram conciliar o empreendedorismo e a maternidade.
Quem entende bem dessa correria do dia a dia é a Diana Falcão. Aos 27 anos ela iniciou a sua experiência com o empreendedorismo. Hoje, aos 38, e atuando como Coach e mentora de mães empreendedoras, além de fundadora do Mulheres Totalmente Demais, um centro de desenvolvimento humano e coaching, ela entende que conciliar maternidade e empreendedorismo exige muito respeito consigo mesma.
“No início levava a minha filha junto comigo para a empresa desde os três meses, mas com a rotina tive que buscar ajuda para conseguir conciliar os papéis. Todos os dias têm sido uma grande busca de me respeitar, de saber que eu não preciso dar conta de tudo, que eu não preciso ser a mãe perfeita e que eu sou a melhor mãe que eu posso ser todos os dias, que eu dou o meu melhor. E isso me ajuda a dizer não à culpa, apesar de ela bater de vez em quando. Mas sigo nesse processo de olhar para mim com gentileza e amor e mostrar para minha filha que eu posso ser a mulher que eu quiser ser, sendo mãe e empreendedora”, explica.
Atualmente, 194 mil empreendimentos capixabas são liderados por mulheres. Um levantamento feito pela Rede Mulher Empreendedora (RME), uma plataforma de apoio ao empreendedorismo feminino no Brasil, aponta que 68% das donas de negócio do país começaram a empreender depois de terem filhos.
“Empreender é uma saída para que as mulheres continuem a gerar renda, já que o mercado de trabalho formal ainda não está preparado para absorver mulheres que se tornaram mães. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas aponta que 50% das mulheres perdem o emprego em um período de dois anos após a gestação. No entanto, também existem desafios no empreendedorismo, e o Sebrae/ES está preparado para colaborar com capacitações e orientações para quem deseja empreender”, destaca a analista do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES) Andrea Gama.
A empreendedora Karol Lenzi, proprietária da Lenzi Semijoias, buscou pelo Sebrae/ES e aproveitou muitas oportunidades. “Eu fiz muitos cursos gratuitos do Sebrae/ES. Posso dizer que a instituição participou da gestação da Karol empreendedora, me ensinando, me dando técnicas e métodos de crescer de uma forma bem organizada”, relembra.
Diana também participou de algumas atividades e conseguiu perceber melhorias. “O Sebrae Delas mudou a minha forma de empreender. Ele foi um grande divisor de águas. Além de muito conhecimento adquirido, o meu maior aprendizado foram as novas conexões que o programa me apresentou, desde mentoras, novas amizades, além de clientes. Também tive a oportunidade de fazer o Empretec. Cada um dos treinamentos me amadureceu de alguma forma e me desenvolveu para me tornar uma profissional mais preparada e confiante”, ressalta.
Experiência transformadora
Encontrar o equilíbrio entre o maternar e o empreender não é uma tarefa fácil. Para Diana, ambos oferecem muitos desafios e ensinamentos.
“O empreender me trouxe a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento e ser mais presente na rotina da minha filha. A maternidade me ensinou a definir prioridades e despertou o melhor de mim. Ela é transformadora e me ajudou a desenvolver muitas habilidades que nem sabia que era possível, trazendo resultados positivos no meu negócio e vida”, explica Diana.
Se no mercado formal, a dificuldade é a absorção dessas mães no trabalho, no empreendedorismo, a gestão do tempo parece ser o principal desafio. A empreendedora Karol está no mercado há 10 anos e iniciou os negócios junto com a sua experiência como mãe.
“Eu tenho que me reorganizar o tempo inteiro, tanto quando o meu filho precisa mais de atenção como quando a empresa me demanda mais. Tento equilibrar as duas tarefas, me replanejando e revisando a todo o momento as duas atividades, vendo o que é possível potencializar de melhoria na maternidade e na empresa. É um processo de autoavaliação constante e de gestão de tempo, e confesso que eu ainda estou aprendendo”.
Empreendedorismo Feminino
O Espírito Santo fechou o ano de 2022 com 194.639 mulheres empresárias, o equivalente a 33,4% do total de empreendedores no Estado. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE). Esses números ainda apontam que 56% delas são mulheres negras, 30% com ensino superior completo ou incompleto, 54% com idade entre 25 e 44 anos, além de 47% serem chefes de família.
Em sua maioria, as empreendedoras capixabas atuam por conta própria (86,5%), com mais de 13% delas sendo empregadoras. Os três setores em que elas mais se destacam são: Serviços (53,4%), com destaque para Alojamento e Alimentação, somando 24.697 empreendedoras nesse segmento; Comércio (23,7%), com 46.195 empreendedoras; e Agropecuária (12%), com 23.384 mulheres atuando nesse setor.
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