A igualdade de gêneros no mercado de trabalho é fundamental para promover a inclusão feminina em áreas antes só povoadas por homens. Gradativamente, a participação delas se amplia, como a exemplo do território da inovação. Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apontam que a participação feminina no mercado de tecnologia cresceu 60% nos últimos anos, passando de 27,9 mil mulheres para 44,5 mil em 2020.
Cada vez mais mulheres têm sido vistas no comando de startups. Esse é o caso da Janine Gomes, CEO da Klumie, uma empresa de impacto social que nasceu em 2020 e conecta pessoas surdas com empresas e instituições, promovendo a integração de pessoas com deficiência auditiva. A startup leva qualificação profissional inclusiva, além de tecnologia de inclusão para as empresas, por meio de um sistema que prepara a pessoa surda antes de entrar na instituição.
“As mulheres vêm superando as adversidades do mercado de inovação e conquistando cada vez mais espaço. O Sebrae/ES busca sempre incentivar esse cenário empreendedor feminino, ofertando capacitações e preparando para esse ambiente de negócios”, ressalta Poliana Dadalto, analista do Sebrae/ES.
Problema x oportunidade
A designer Rafa Marques criou sua startup quando estava diante de uma dor comum a muitos de nós: durante a reforma da casa, o dinheiro acabou. Para não deixar a obra parada, a empreendedora decidiu procurar quem se interessasse por trocar serviços. Ela conseguiu pedreiro, empresa de vidros e diversos outros serviços suficientes para finalizar a obra, somando um total de R$ 30 mil em trocas.
Teve início assim, em 2018, a startup Auati – que significa milho em tupi, primeira moeda de troca dos índios. Essa plataforma multimoedas empodera profissionais a acreditarem que podem fazer negócios mesmo sem o dinheiro propriamente dito. Atualmente, a plataforma já conta com 500 profissionais de todo país, que trocam serviços entre si.
“A mulher tem um poder que vem da sensibilidade, entende as oportunidades de forma mais ampla. Nesse meio elas geram comunidades e, consequentemente, colaboração”, afirma a CEO da Auati. Prova disso é o grupo “Mulheres na Inovação”, do qual Rafa Marques faz parte junto com outras 168 mulheres do meio da inovação. “Dividimos oportunidades, trocamos dicas e fortalecemos umas às outras”, salienta.
Outro exemplo é a Global Touch, empresa em que até o ambiente de trabalho funciona com a energia feminina. A startup tem como objetivo levar o ganho de diversos aspectos a organizações por meio da colaboração, agindo em ambientes de inovação e criando comunidades nas empresas.
“Dos 14 colaboradores da empresa, temos apenas um homem e isso nem foi de propósito. Procuramos pessoas com o brilho no olhar, que ajam pela colaboração e, por isso, sempre encontramos mulheres incríveis”, revela Raquel Quintanilha, head de People and Culture da empresa.
“Temos colaboradoras que são mães, e seus os filhos não somente vão para o escritório como também têm um espaço designado para eles. Eles formam a comunidade ‘Mini Touch’ e facilitam o dia a dia dessas mulheres. Não dá pra parar de ser mãe quando se vai trabalhar. Se minha colaboradora está preocupada em como está o filho, com as tarefas domésticas e outras questões ela não vai conseguir focar no trabalho, então criamos um ambiente mais confortável”, defende Raquel.
O Espírito Santo fechou o ano passado com quase 195 mil mulheres empresárias, o equivalente a 33,4% do total de empreendedores no Estado, como demonstra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE). Em sua maioria, as empreendedoras capixabas atuam por conta própria (86,5%), com mais de 13% delas sendo empregadoras.
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